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Uma geração aprendendo a odiar



Há poucas semanas o Brasil assistiu estarrecido a notícia de vários casos em que crianças e adolescentes manifestavam ódio e preconceito contra colegas em redes sociais e aplicativos de mensagens. Infelizmente não foi surpresa para aqueles que trabalham com educação infantil.


É evidente que essas crianças e adolescentes replicaram comportamentos, crenças e palavras que ouviram em casa, mas o fizeram com menos filtros do que seria de se esperar de adultos com um mínimo de capacidade cognitiva. Filtros sociais e capacidade cognitiva ainda estão em formação, e é exatamente por isso que se deve tomar muito cuidado em evitar o contato dessas crianças com ideias racistas antes de terem desenvolvido a capacidade de ponderar esses preconceitos.


Ao permitir e até incentivar o contato de seus filhos e filhas com ódio e racismo, pais e família envenenam suas crianças com o ódio e preconceito ao qual foram expostos no passado, perpetuando assim o ciclo, mas com consequências potencialmente mais nefastas, já que o alcance e funcionamento do ambiente digital, especialmente mídias sociais, incentivam o extremismo por funcionarem como uma caixa de ressonância.


Quando expostos a estes tipos de comportamentos violentos, favorecemos o desenvolvimento de crianças e adolescentes agressivos verbalmente e fisicamente, voltados para a destruição do outro, transmitindo aos mesmos, falta de valores morais, diante de suas atitudes sociais. Ao reproduzirem o ódio, estão diretamente infringindo seu processo de responsabilidade social, repercutindo em prejuízos nos aspectos socioemocionais, tanto para quem pratica o ódio, quanto para quem ele é destinado.


Precisamos nos atentar para as múltiplas formas de linguagem pelas quais nossos filhos se expressam, dando- lhes oportunidades de movimentar-se e agir-se em novos tempos e espaços que respeitem a diversidade de diálogos verbais, gestuais, afetivos e sociais. Caminhos estes que levam-os a vias opostas da propagação do ódio e preconceito.


Miraína A. S. Carvalho

Psicóloga (CRP 06/174419 e CRP 04/1506169)


Daniel Holzhacker

Psicólogo (CRP 06/127614)

www.holzpsicologia.com.br

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